terça-feira, 31 de janeiro de 2012

PESO na consciência

Sabe aquelas coisas que você torce, toda vez que ouve, para que seja verdade?

Coisas assim: "Ah, mas um dia você supera!", ou então "O Brasil ainda vai voltar a ganhar a Copa".

Pois é.

Estilos diferentes de afirmações que geram uma problemática seríssima para o ser humano: a esperança.

Não tem sentimento mais bobo e pateticamente infantil que a esperança. Acho inútil e vazio. O fato de esperar por algo que ainda não aconteceu, você não tem certeza que vai se suceder, não sabe as circunstâncias em que o fato vai se desenrolar e, para completar, ainda aguarda um resultado positivo.

Não é qualquer resultado, não, ouviram? É po-si-ti-vo.

Acho que isso resume bem a esperança.

No dicionário (online), esperança se apresenta da seguinte forma:

esperança (es-pe-ran-ça): s. f. expetativa de um bem que se deseja: a esperança é grande consoladora.

(Nossa, não acharam suficiente colocar 'um bem que se deseja' e ainda completaram com 'grande consoladora'....)

Considerações sobre a explicação deste dicionário à parte, já deu para entender o que esperança significa.

Uma vez bem esclarecido este ponto, - sobre o que é esperança - , vamos caminhando ao ponto sobre o qual estou desenhando circunferências para atingi-lo:

Esperança, na minha opinião, anda de mãos dadas, grudadinha, com a danada da frustração. Frustração, por sua vez, faz o papel da namorada lésbica amarga e ciumenta da Esperança, com a seguinte definição -

frustração (frus-tra-ção) s.f. Do ato de frustrar
frustrar (frus-trar) v.t. Privar alguém daquilo que lhe é devido.
dececionar; enganar.
Baldar.

Entendeu, também, porque é a namorada amarga?

A questão é que, hoje em dia, muita gente não acha que estas duas composições andam juntas, agarradas, engalfinhadas e até fazem amor e se reproduzem gerando outros sentimentos 'bonitinhos' como: a raiva, o ódio, a decepção, o rancor, o remorso, etc.

Mas eu também não estou aqui, escrevendo em PLENO trabalho (não me dedurem, pf!), gastando meus dedos no teclado mais confortável do universo, me debruçando por sobre um móvel alto e esticando minha coluna numa cadeira pequena demais, desproporcional para com o móvel no qual o computador está depositado, lendo letras miúdas em um monitor de... o quê... 12 polegadas? para ficar escrevendo sobre essas coisas infelizes e reais demais através de metáforas.

O negócio é o seguinte:

Eu estou com ódio de mim mesma.

Não, não, o negócio verdadeiro é o seguinte:

Eu estou com ódio,raiva, rancor, decepção e remorso de mim mesma ao mesmo tempo.

Sim, todos os filhinhos da Sra. Esperança com a Sra. Frustração juntos dentro de uma só pessoa.

Como se eu fosse a barriga de aluguel destas duas mães inférteis.

Barriga...

Aliás, talvez seja esse o problema. Minha barriga continua grande e mole por causa das severas e constantes gestações dos filhos da Esperança e Frustração que teimam em me utilizar como gestora da sua prole, fruto das fornicação indecente das duas.

É, deve ser isso.

Até porque é o que costumam dizer: quem nos engorda não é a comida, e sim, o peso na consciência.

Deve ser isso mesmo... o que está me engordando não é as gorduras trans de algum ovo frito ou as calorias de um bolo de milho... é o óvulo fecundado da Frustração (sempre a encarei como a mais ativa da relação, não sei o porquê. Deve ser porque termina com 'ão') sendo depositado no meu ventre.

O que me engorda não são os carboidratos de um pão ou a quantidade de sódio de uma bolacha... é a raiva e o rancor evoluindo de célula para feto bem dentro do meu ser.

Talvez todo este texto seja desnecessário e, ao lê-lo depois, eu me sinta uma imbecil (cutucando, relembrando, reabrindo a mesma velha ferida). Mas o fato é que eu paro para escrever estas coisas que me incomodam e tá aí uma coisa que me incomoda...

Não, não é meu peso.

É a falsa esperança que depositam na gente quando falam expressões como 'peso na consciência pesam mais que comida', gerando uma frustração genuína.

Não! Não, não e não! Eu sou gorda porque eu como! E gosto de comer!

E é daí que nasce minha culpa, minha raiva, meu rancor! Da minha comida! Não da minha consciência. Os ingredientes de um biscoito são: amido, trigo, açúcar, CULPA e sódio. Os ingredientes de uma boa lasanha são: massa, molho, ÓDIO e carne moída. Já os de uma excelente feijoada são: feijão preto, carne de porco, ARREPENDIMENTO e cominho.

Ora bolas, que droga!

É como já diria meu amigo Roberto Carlos (ou Robbie Carl para os íntimos gringos como eu): "Então o que fazer, já não quero mais saber, se como alguma coisa que não devo comer, se tudo que eu gosto é ilegal, é imoral ou engorda."

Deixem-me com minha dose de amargor com pitadas de açúcar sozinha...

2 comentários:

  1. Essa sua veia humorística tá demais hein?! É sério! Taí uma coisa que vc disse que achei sensacional, e nunca tinha pensado nisso! A Esperança e a decepção são duas lésbicas safadas que só sabem ferrar com sua vida, porém, enquanto elas duas existirem a gente continua vivendo!

    PS: Você não é gorda -.-

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    1. E é aí que entra o: "Sabe aquelas coisas que você torce, toda vez que ouve, para que seja verdade?"

      Mas é por aí mesmo, amiga.

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