quinta-feira, 25 de julho de 2013

Hora da feira

Meus heróis estão vivos.

Fazem filmes, escrevem livros, compõem música...

Estão lá fora, estão dentro da minha casa.

Eu não sinto falta daquilo que ainda não se foi. Até porque ainda não se foi e nem deu pra sentir falta...

Meus heróis são de carne e osso e me levam a lugares imaginários.

Escrevem, produzem, atuam, evoluem.

É complicado acompanhá-los ao mesmo tempo, muitas vezes. Mas, pra minha geração, isso é normal. Eu ligo aqui, ouço dali, acompanho acolá e tá tudo certo!

Eles - os heróis - me emocionam. Com palavras simples, sem rodeios, com melodias humildes e ousadas, com imagens previsíveis e tocantes ainda assim.

Eles me bastam, e como se eu temesse uma grande depressão, onde nada mais tenha graça, consumo tudo que posso, coração apertado, ansiedade nos dedos, nas pupilas, nos meus gestos.

Mas não só de fama são feitos os ídolos.

O maior problema é quando você sabe - e sabe muito bem - que todos eles, os distantes e os próximos, são de carne e osso. Têm defeitos. Cometem enormes burradas e encabeçam uma grande confusão na vida das pessoas... ou melhor, na sua vida.

Eu perdoo e espero que tudo se resolva até a perfeição ser alcançada novamente?

Difícil...

Acho mais fácil passar para trás e seguir em frente.
Dói mais. Me custa menos.

O preço é acessível, apesar do gosto amargo - tal qual um café barato.

Meus heróis, meus amigos, meu convívio diário, todos, todos, sem exceção, são de carne e osso.

E estas mesmas matérias são as que compõem a circunstância ao meu redor. Elas se repetem, rítmicas, num mesmo padrão, sempre. Cansam.

Mais uma vez me vejo impulsionada a tomar a atitude que me ensinaram há alguns anos atrás.

Vai pra lá, eu pago o preço.

Estou disposta, é baratinho?

Tô dentro.

Não me importa se me rasga por dentro, quero de qualquer jeito.

Mas eu aprendi assim, é o que sou.

Não, não dá pra mudar.

Eu pago.

E a expectativa de comportamento de uma moça de 22 anos se esvai. Eu não me agarro às lembranças e aos porta-retratos.

Nunca tive um pequeno mural com pequenas fotos ao meu redor.

Compartilhei de algumas futilidades como todo mundo. Foi a hype, pode pôr a culpa nela...

Mas nunca acreditei em muitas coisas que fiz - que fiz porque todos faziam.

Os meus heróis, os mais próximos, não podem me enxergar agora. Estou muito longe da compreensão. Não sou tão dramática, nem tão simplista. Nem tanto cabisbaixa, tampouco sigo aquela linha que eu nem consigo descrever de tão absurdamente fora do normal. Minha medida sou eu quem determino. Depende das circunstâncias...

E agora, elas não estão muito positivas.

Só uma fase. Passa.

Eu pago o preço. De novo, é claro, mas isso a gente não precisa mencionar.

Os meus heróis, os mais distantes, nunca me enxergaram e ainda não conseguem me ver. Nem quero que me vejam. Quero continuar com a imagem que eu mesma pintei, sem influências da verdade. Neste caso, a verdade pouco me interessa, quero continuar na ilusão cega que me conforta.

Aliás, queria que me enxergassem por esse mesmo espelho, assim não se "decepcionariam" com a minha imagem fraca, não é mesmo?

Aparento ser de aço e na verdade sou uma falsa joia? Será?

Bom, era o que eu queria, não é? O preço barato - algumas roupas, alguns motivos, algumas palavras - e a consequência de me verem como eu realmente sou: tudo aquilo que lutei, e ainda luto, contra com todas as minhas forças, por razões que ainda vou compreender melhor.

Mas não quero parecer uma pessoa repetitiva, rancorosa e imatura.

Tenho que aprender a absorver tudo. Do positivo ao mais negativo.

O problema é que eu não sou de aço, lembra? Sou uma joia falsa.

Assim como você, claro. Como todos vocês. Como todos nós.

Mais uma vez, isso é só um pequeno ponto da conversa.

Para resumir: eu quero mesmo é pagar o preço. É uma pechincha, não vai doer no bolso. Só o incômodo que é quase tão intragável quanto purgante. As palavras bonitas não conseguem descrever a sensação.

Palavras sofisticadas são floreios em merda que não conseguem mudar absolutamente nada.

Merda continua sendo merda.

E é bem baratinha.

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