Já que escrevo cartas para ninguém, devo começar dizendo que eu tenho muito medo de morrer.
A sensação vem o tempo todo e agora com mais frequência.
Tenho medo de alguns psicopatas que cruzam meu caminho e tenho medo de algumas situações que a vida me impõe e que não sei lidar.
Tenho medo inclusive de escrever tudo isso porque sei que este texto vai parar nas mãos erradas - assim como sempre para.
Os que estão mais interessados em ler o que eu tenho a dizer são aqueles que querem a minha ruína e querem descobrir pedacinhos frágeis que possam se utilizar contra mim no momento em que acharem oportuno.
Não nasci pronta pra batalha, tampouco sou ingênua a ponto de não sacar cada um de vocês.
Não sou a melhor - a mais atlética, a mais talentosa, a mais desenvolta -, mas consigo sacar quando estou dando murro em ponta de faca e quando estou lidando com gente que não presta ou que não merece a atenção.
Tenho tantas inseguranças que enchem o pote e não consigo caminhar sozinha sem alguém do meu lado.
Faço-me de vítima sempre que possível e interpreto draminhas que vão te deixar marejando em simpatia.
Sou egoísta e posso ser vingativa sempre que julgo interessante.
Sou orgulhosa e virar as costas para mim, justo quando eu não esperava, pode ser a última ligação que possuímos juntos.
Blá, blá, blá, o que eu quiser falar.
Acho, sim, que eu mereço mais que muitas pessoas e que estou ficando para trás por causa da porra da sacanagem do destino que dá lugar pra gente que nasce com o cú voltado para a lua.
Fazer o quê, é mais uma revolta de uma burguesinha que não sai, conta grana, conta gramas, não tem roupa bacana e nem é chamada pra sair com mensagem de texto.
Não, cacete, essas não são as únicas coisas que importam na vida!
Mas fodam-se os hipócritas, cada um tem sua cruz, cruzeta, cruzinha e faz o que quiser com ela.
Perseguir sonhos não é fácil e ficar entre quatro paredes com um mundão lá fora é ainda mais difícil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário